ano 01 - nº 02

 

Através de doações mães salvam vidas

Banco de leite de Rio Claro realiza trabalho no auxilio de prematuros

 

                                                                                        Sulamita Bela

 

 

  Exames são realizados para a classificação e melhor distribuição do leite 

    Mais um dia começa e a rotina se repete no Banco de Leite Humano de Rio Claro, é hora da pasteurização, um processo onde a médica pediatra e coordenadora do banco Dra. Denise Lopes Mestrinel, com o auxílio das enfermeiras Juliana e Hilária, qualificam o leite materno. Este leite será usado em recém-nascidos prematuros que precisam ganhar peso para sair das UTIs neonatais da Santa Casa e do Hospital Unimed.

    Em 1998, uma ação conjunta do Ministério da Saúde e a Fundação Oswaldo Cruz criou a Rede Nacional de Banco de Leite Humano do Brasil.

Atualmente, ela é considerada a maior do mundo. Durante quatro anos a Dra. Denise lutou para a implantação desse projeto em Rio Claro, até que através de doações de empresas conseguiu fundos para a realização desse programa, fundado em 10 de Outubro de 2006.

    O Banco de Leite funciona por meio de doações feitas por mães que possuem leite excedente. Toda mulher saudável e que realizou o pré-natal pode ser doadora. Segundo a Dra. Denise “é importante que toda mãe doe seu excedente, isso é saúde brotando e, além disso, estimula o aumento da produção de leite materno”.

    As mães preenchem uma ficha e recebem um número, todo leite que é doado recebe o mesmo número da sua doadora. Essa organização auxilia o processo de pasteurização e de averiguação da qualidade do leite. A Dra. Denise destaca que existem três tipos de leite assim classificados; o colostro que é um leite mais nutritivo e fortalecedor recomendado para prematuros com até dez dias de vida; o leite de transição que é mais gorduroso por isso mais recomendado para os que precisam ganhar peso e o leite maduro que por ser rico em defesas é recomendado para os que têm infecções.A coleta do leite é feita em domicílio onde as doadoras recebem os frascos devidamente esterilizados, o recolhimento é feito por uma voluntária e um motoboy. Depois de recolhido, o leite é pasteurizado e passa por três exames fundamentais que definem a gordura do leite, a acidez e exames biológicos comprovam a sua qualidade.

A pasteurização é importante para garantir a qualidade do leite distribuido

    O Banco de Leite proporciona aos bebês prematuros uma recuperação rápida e eficaz, já que quando eram tratados com leite industrializado e sofriam porque a digestão desse tipo de leite é difícil. Isso resultava em problemas intestinais como a diarréia que aumentava a demora no ganho de peso dos bebês. A Dra. Denise ainda alerta “o uso do leite materno é excelente porque transmite anticorpus da mãe para o filho, protegendo-o de possíveis doenças futuras”.

    A distribuição desse leite é feita de forma gratuita e sob prescrição médica ou de nutricionistas a recém-nascidos prematuros e em casos especiais de crianças que ainda mamam. Maiores informações sobre o Banco de leite ligue (19) 3535-7024 ou na Santa Casa de Misericórdia de Rio Claro localizada na Rua 2, 297 Centro.

          

 

Médicos se vestem de palhaço e fazem pacientes sorrir

Quando esteve no hospital por um aneurisma cerebral, Kátina Souza recebia visitas dos palhaços. Curada, inspirou-se neles e tornou-se palhaço de hospital.

 

Roxane Regly

 

    Quando necessitam ficar hospitalizados, as pessoas tornam-se frágeis e precisam de apoio para superar a doença e conseguir a recuperação necessária. Seus familiares, também abatidos pela situação, nem sempre têm condições de dar ao doente todo o apoio que necessita. Para isto, o grupo de palhaços Cirurgiões da Alegria, vão aos hospitais, para estimular o bom humor nos pacientes e auxiliar na recuperação.

Os Cirurgiões Batutano e Edufina. Para eles, ser palhaço tem que estar movido pelo coração e ter o dom

    O Cirurgiões da Alegria é uma organização sem fins lucrativos, formada por um grupo de artistas profissionais que tem na arte do palhaço seu ofício com o objetivo de levar a alegria aos hospitais. Durante a visita, dos cinco palhaços, uma dupla promove interações lúdicas, teatrais e musicais. O intuito é colocar o ser humano em contato com seu lado saudável, não com o objetivo de buscar a cura, mas promover a alegria e, por conseqüência, resultando em melhoras consideráveis.

    O Cirurgiões da Alegria começou com Kátina Souza e Eliseu Pereira, que atuavam como palhaços voluntários no grupo Libertadores do Riso, no hospital Santa Casa de Limeira. Eles conheceram Wellington Nogueira, coordenador geral da Ong Doutores da Alegria, que procurava conhecer grupos semelhantes e criar uma rede de cooperação.

    Em 2004, a dupla assumiu em caráter profissional o projeto no Hospital Municipal Mário Gatti, em Campinas. No dia 18 de outubro de 2006, formaram o Cirurgiões da Alegria, uma instituição que recebe o apoio de empresas sócio-mantenedoras, promove eventos e palestras para manter-se.

Baseados no improviso, durante as interações, os palhaços utilizam algumas esquetes prontas, que trazem nos conflitos a graça. Eles pedem licença antes de entrar e só iniciam a interação onde são aceitos pelos pacientes e familiares. “Nos vestimos tentando parecer chique, mas sempre brega, usando roupas antigas, porém com cores discretas”, diz Kátina. Eles usam maquiagem leve, com realce nos olhos e o tradicional nariz de palhaço, para complementar o figurino.

    É preciso muita percepção para entender a reação dos pacientes. Mais do que informar-se na enfermaria os quartos que podem entrar, eles precisam saber o momento certo para a brincadeira. “Para ser palhaço tem que ser movido pelo coração, tem que ter o dom para estar lá”, diz Eliseu Pereira, 41, coordenador geral do Cirurgiões da Alegria. Segundo ele, o palhaço de hospital utiliza a técnica clown, um palhaço mais sutil, que usa a si próprio como piada e não permite a exploração das debilidades do doente e nem mesmo exageros no ambiente hospitalar.

Em dupla, os cirurgiões promovem interações lúdicas, teatrais e musicais nos hospitais

     A música também faz parte das visitas: com um violão, uma flauta, chocalhos e até mesmo materiais hospitalares, eles criam músicas e resgatam canções antigas. Cada paciente reage de uma forma à presença dos cirurgiões. Uns se animam, outros são indiferentes. Mas os profissionais sentem o valor de seu trabalho nos resultados registrados ao fim de cada mês, quando produzem um relatório sobre as atividades. Mas não são só estes números. Sempre é possível perceber que, ao sair de cada quarto, eles deixam um sorriso, uma gargalhada, uma expressão, que garante a sensação de missão cumprida.

    Kátina de Souza, 25, coordenadora artístico do grupo, explica que a seleção de um novo palhaço no grupo requer um treinamento especial. O profissional tem que se preparar psicologicamente e se adaptar ao estilo do grupo para as interações nos hospitais. Todos os meses são realizadas oficinas e somente em média seis meses depois é que os cirurgiões podem iniciar as visitas, que acontecem sempre ao lado de um palhaço treinador.

    O trabalho dos Cirurgiões da Alegria não é voluntário, porém para os hospitais o projeto é gratuito. As visitas ocorrem segundas e quartas-feiras, das 9h às 16h no Hospital Mario Gatti, em Campinas e às quartas-feiras, das 12h30 às 15h30 no hospital Humanitária, em Limeira.

 

 

Imaginar e brincar 

 

Todos os meses, o grupo Cirurgiões da Alegria elabora um relatório com o histórico de um fato que lhes chamou a atenção. O documento sobre as atividades no Hospital Humanitária, de janeiro/2008, tem uma história sobre a importância da maturidade e paciência de um cirurgião.

Um dos personagens, o cirurgião Gaguelho, interpretado por Eliseu Pereira, relata que passando em frente a um quarto com a porta entreaberta, prestou a atenção no olhar de um garoto, com semblante muito sério. Ao vê-lo, a mãe do garoto convidou Gaguelho a entrar. Com a sensação de já conhecer o garoto, ele pediu licença e, sorridente, disse:

- Nós nos conhecemos?

- Não!

Guaguelho tirou os óculos e olhou para as lentes, tendo certeza de que elas estavam vencidas, pois jurava que já o conhecia. Diante do semblante sério do garoto, o médico preparou-se para ir embora. Virou-se em direção da porta, quando ouviu:

- Se você ficar eu te conto um segredo.

O menino não estava mais sério e já esboçava um sorriso. Gaguelho abaixou-se para ouvir o segredo e o garoto disse bem baixinho:

- Eu tenho um carrinho de controle remoto!

- O que? Você trouxe um carrinho? Ta aí? – perguntou Gaguelho.

- Não, está em casa, mas ele é desse tamanho! – falando fazendo movimentos com a mão, para explicar a grandiosidade do brinquedo.

Ao tentar adivinhar como era o controle, o garoto interrompeu Gaguelho contando que era quadrado e tinha uma direção. Com um controle imaginário nas mãos o garoto começou a mexê-lo.

Gaguelho começou a brincar e virava-se de acordo com o movimento das mãos do garoto. Procurava acompanhar cada mudança de direção. O garoto aproveitou ao máximo do seu “brinquedo” e após alguns minutos, a pilha do controle acabou. Só então Gaguelho pode voltar ao normal, sem ser controlado pelas brincadeiras do menino.

 

 

 

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