ano 01 - nº 02

Crianças têm aulas gratuitas de Futebol

Aulas são ministradas na sede da AABB aos sábados e domingos na parte da manhã

 Mariana Antonella dos Santos

 

 “A torcida anima os pequenos jogadores que, demonstram muita agilidade correndo pelo gramado"

     Todos os sábados e domingos cerca de 100 crianças têm compromisso marcado na parte da manhã. O técnico da escola de futebol da Associação Atlética Banco do Brasil (AABB) de Limeira, Eduardo César Basso, 56, abre espaço às crianças e adolescentes carentes de 7 á 16 anos que se destacam em campo.

    Basso, mais conhecido como “Bassinho” pelos alunos, foi jogador e técnico profissional do Internacional e Independente de Limeira. Hoje também trabalha no Projeto Centro de Convivência Infantil (CCI), que tem como prioridade estabelecer atividades prazerosas para as crianças no sentido de retirá-las das ruas. “Há dez anos, desde que comecei a dar aulas de futebol aqui na AABB, sempre trouxe as crianças que se destacavam nos jogos dos Centros Comunitários.”

 

   Pai de um aluno, Hudson Brito, 44, é voluntário na Associação há quatro anos. Ele diz gostar de ajudar, pois, percebe que muitas vezes contribui para a educação dessas crianças. “Busco ajudá-los em seu crescimento para que sejam homens honestos e trabalhadores. Orientando para que fujam das drogas e bebidas alcoólicas, e lhes digo sempre que isso é fundamental para serem bons atletas.”

    Antes de cada partida a ansiedade por parte dos alunos é grande. Eles se reúnem e comentam sobre o time. O clima de amizade predomina, mesmo em campo, onde um ajuda o outro. Os garotos são divididos em categorias conforme a idade, são elas: mamadeira, fraldinha, dente-de-leite, infantil e juvenil. João Carlos, 13, está na escolinha há pelo menos dois anos e meio, joga na categoria infantil e diz que, se não estivesse no clube provavelmente estaria em casa dormindo.

    O incentivo está presente a todo o momento. Técnico e voluntário dividem os times e assistem atenciosamente a cada partida, motivando e ajudando sempre que necessário. “Eu sempre digo a eles, cada campeonato que a gente disputa é um desafio. A vida é feita de desafios, seja no trabalho, na escola ou em uma nova fase, sempre iremos olhar com dificuldade. Mas um desafio é feito para se encarar, seguir em frente e buscar o que se quer. Mantenha o foco. Quer ser jogador de futebol? Então vai atrás. Quer ser advogado, engenheiro...? Vai atrás e sempre mantenha o foco.” Diz Hudson.

     Pais, avós, irmãos e amigos assistem da arquibancada. A família presente marca cada jogo. A torcida anima os pequenos jogadores que, demonstram muita agilidade correndo pelo gramado. No banco de reservas pode-se ver a ansiedade e a vontade de entrar em campo, o brilho em cada olhar quando chamado para a próxima substituição e a tristeza do pequeno craque que sai de campo.

 

 O clima de amizade predomina antes, durante e depois dos jogos

  Questionado quanto a abertura para novas crianças, Basso afirma que, basta a criança querer e gostar de futebol que será bem acolhida. Ele afirma que é muito gratificante poder ajudá-los, pois é uma maneira de socializar essas crianças ajudando-as muitas vezes a sair de maus caminhos.

  O clube da AABB está localizado na Rua Manoel Davi, 210 – Jd. N. Senhora de Fátima e as aulas são ministradas aos sábados e domingos das 8:00 às 13:00 h .

 

 

Passe de Mágica atende a 200 crianças carentes 

Projeto insere crianças no esporte e oferece diversas atividades para tirá-las da rua
  

Lilian Geraldini
 

      ”Sonho em ser jogador profissional”. Essa é a resposta de boa parte das 200 crianças e adolescentes de Piracicaba assistidas pelo projeto Passe de Mágica, quando indagadas sobre a participação nas aulas de basquete oferecidas nos dois núcleos da cidade. Criado em agosto de 2004, por iniciativa das ex-jogadoras da Seleção Brasileira de Basquete Feminino, as irmãs Paula e Branca, o Passe de Mágica objetiva auxiliar na formação desses alunos.

    Em Piracicaba, as aulas acontecem no Sesi Vila Industrial, às quartas e sextas-feiras, e no Tiro de Guerra, às terças e quintas-feiras. Os alunos são dividas em quatro turmas, por idade, totalizando 100 alunos em cada núcleo. Existem ainda mais dois núcleos, em Interlagos e Diadema.

Fernando Claudino, 13, é um dos que sonha em ser jogador profissional

Branca, a atual coordenadora do projeto, diz que a finalidade das aulas não é revelar novos talentos, já que eles acabam nascendo sozinhos. “É da natureza do brasileiro ser perspicaz. Já temos alunos que foram encaminhados para jogar em clubes da cidade, mas nós exigimos deles estudo e boas notas”, explica.

        No núcleo do Sesi, a professora Elizabete Marli Lopes, a Betinha, 43, que está no projeto há dois anos, diz que o trabalho com as crianças e adolescentes é gratificante. “Eu adoro e percebo que eles progridem a cada dia”, conta. Além das aulas de basquete, os alunos participam de atividades como cinema, passeios, oficinas, palestras e teatro. “Não é só esporte, o projeto tem o objetivo de formá-los cidadãos”, salienta Betinha.

        As crianças e adolescentes, de sete a 15 anos, que participam das aulas têm renda per capta familiar de até um salário mínimo por mês. As mães têm de ir até o núcleo, assinar uma autorização no ato da inscrição do aluno e apresentar um comprovante de residência e renda. Natália Odete de Souza da Silva, 38, é mãe de Tainá, de oito anos, aluna do projeto há aproximadamente um mês. “Minha filha tem dislexia e, para ela, está sendo ótimo participar das aulas, está mais solta. O esporte ajuda no seu desempenho na escola, ela está mais atenta”, afirma.

        As aulas de basquete ainda visam trabalhar a responsabilidade dos alunos. Se houver três faltas sem justificativa, a criança perde a vaga que é cedida automaticamente a outro aluno na lista de espera.“Isso incute neles o peso da disciplina”, completa Betinha.

Maurício Rafael Cordeiro,12, é aluno do projeto desde a implantação dos núcleos e diz que gosta bastante das aulas. “Todo mundo falava que não tinha futuro, mas não desisti. Sonho em ser jogador de basquete”, revela. Assim também afirma Fernando Claudino,13, que se dedica às aulas: “jogo porque penso em ser jogador profissional”. Já, Juliana Leite da Silva, 11, começou a participar das aulas este ano e, segundo ela, “precisava fazer alguma coisa, não queria ficar sozinha. Minha mãe trabalha. Estou adorando”.

A professora Elizabete Marli Lopes, a Betinha, ensina técnicas e jogadas em grupo

A iniciativa do projeto foi aprovada, no final do ano passado, pela Lei de Incentivo ao Esporte, sancionada em dezembro de 2006 pelo Ministério dos Esportes. Por meio dessa lei, as pessoas físicas e jurídicas podem patrocinar projetos desportivos e a quantia destinada pode ser abatida no Imposto de Renda. No caso de empresas com lucro real, a dedução é de 1% e de pessoas físicas de até 6%. De acordo com Betinha, esses recursos adicionais serão melhores para os alunos e ela já prevê que “eles terão em breve não só o lanche que damos à eles, mas também suco, frutas”.

       De acordo com Branca, o projeto conta atualmente com o patrocínio do supermercado COOP, que doa R$5 mil por mês para o projeto. Nos projetos futuros da entidade, estão programadas aulas de inglês e de informática para os alunos.         

Biblioteca - Na sala onde são guardados os materiais de esporte, está sendo montada uma biblioteca para as crianças que freqüentam o projeto. A iniciativa ainda é recente e os livros começaram a chegar em março, mas já estão disponíveis 50 exemplares, que Branca e as próprias crianças levaram. São livros de histórias infantis, educativos, entre outros gêneros. “Anoto o nome da criança que levou o livro para casa e não dou prazo. Ela só tem o direito de pegar um outro quando trouxer o que levou e isso exige deles responsabilidade”, diz Betinha.




 

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